sábado, 31 de outubro de 2009


acho fantástico isso de a gente se surpreender com as pessoas, e dessa vez foi de uma forma tão positiva.. e oh, vou te contar um segredo: estou descobrindo coisas em mim pelas quais estou me apaixonando!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009



' Você foi embora e levou tanta coisa minha que ainda estou escrevendo a lista do que ficou. Levou a minha enorme coragem de dormir sozinha e junto a minha confiança inabalável nas pessoas. Carregou pelas mãos os meus versos, frágeis, escrito às pressas no trabalho, na boca engoliu o chocolate que fiquei procurando para agradar um detalhe. Sugou nos braços os meu abraços apertados e carentes, no celular as mensagens poéticas.
E eu, fiquei com aquela solidão interna, onde a necessidade de ficar sozinho é maior do que querer amigos, ou um livro. Meu coração doía fisicamente, que me chegou a faltar ar e jurei que teria um infarto. Logo eu que sou tão nova.
Levou de mim a minha independência e agora não sei direito como ir até a rodoviária de ônibus, ou ir ao médico. Meu brinco, meu desenho, meus versos, meus amores, meus traumas, levou tudo e eu, fiquei. Fiquei pequena, desprotegida, confusa e triste, porque de todas as coisas que você me tirou que ao menos tirasse todo esse amor por completo, não me deixasse com ele, sem saber o que fazer, tentando encaixar em alguma gaveta, colocando na carteira, empurrando para o armário. O que eu faço com todo esse amor? Que ainda continua sendo apenas seu?
Decepcionada, porque eu me doei muito para você e agora estou tentando reconstruir tudo novamente, desde dormir sozinha até carregar a mala na rodoviária. Dói um bocado, as mãos, os braços, o coração, as lembranças. A única coisa que você me deixou foi o vinho e olha o que fiz com ele, tomei com meus amigos e fingi estar bem.
Bem mais do que ser enganada, ou carregar a mala, dói o fato de que agora tudo soa falso em você. Desde o seu sorriso aberto, até as suas palavras doces e seus gestos teatrais, acho realmente triste ficar com essa impressão sua, de que tudo era falso. E se era mentira, o que eu faço com esse amor? Digo para ele que teoricamente nascido de uma mentira ele não existe e se ele não existe eu não o sinto, mas machuca infinitamente mais do que se fosse real.' Camila Meneghetti

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


você sempre volta com as mesmas mentiras sinceras, e aquele meu filtro seletivo 'anti-você' se desfaz como gelo em àgua fervente. claro que nada mais é como antes, e além de óbvia essa assertiva é antes de qualquer coisa, satisfatória. eu não espero o telefone tocar - e ele por ironia, toca. - e suas palavras já não fazem mais nenhum efeito, nem aquele de amor platônico, ou de borboletas no estômago. Mas, não nego, algo - agora muito bom - ainda me prende a você. Gosto da sua voz e dos seus muitos sonhos bobos.


'É aquela antiga necessidade de revistar todas as folhas para encontrar qualquer vestígio, mesmo que esses não signifiquem mais nada, apenas lembranças boas, mas que preenchem aquele vazio. Há tantos pensamentos secretos, tantas intenções guardadas. Sempre fico imaginando quantas pessoas naquele mesmo ônibus sofrem os amores nunca realizados, aqueles que a gente fica construindo enquanto não desce no ponto, aqueles que nos fazem acreditar que pode existir mais um, mas algo real.' Camila Meneghetti

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

força.

ah essa coleção de madrugadas em claro, o que me trazem além das olheiras, das tantas promessas falsas, de felicidades clandestinas e das tantas aulas perdidas? eu ainda não desvendei o mistério da noite, o meu elo com ela. sempre houve muito sono diurno, e por mais que eu não me renda a ele, este some quando a lua chega. Minha incansável ansiedade me consome e suga uma parte boa de mim - talvez aquela da qual mais sinto saudade hoje. Daqui a pouco o sol se põe a brilhar de novo, toca sutilmente minha janela, e aí sim meus olhos ardem e a cama me parece o paraíso. o que me entristece nos dias é a forma tão rotineira com que eles continuam a correr. o relógio não para e as músicas continuam as mesmas, os mesmos contatos, as mesmas conversas e na memória resquícios daquele tempo bom. passam minutos, dias, horas e eu ainda não sei por onde começar..

naquele momento senti minha alma mais quieta e meu coração mais leve, e então pedi força, fé e força..

terça-feira, 27 de outubro de 2009


' E eu nunca sei porque continuo insistindo nessas manias de querer me comunicar com alguém que não fica presente, que nunca sabe como me sinto ou das situações que tomam conta dos meus pensamentos. Ele não sabe, nada, nem metade do que me faz sorrir todos os dias e mesmo assim, mesmo sabendo o quanto essa situação é inútil, eu escrevo pensando nele. E isso é patético, porque uma semana atrás nada me motivava mais do que um vazio e pronto, basta qualquer indício seu para que isso me quebre. Sei que nada mais te atinge e de repente isso me faz mal, porque eu escrevo inevitavelmente pra sua ausência, acredite, isso é frustante.' Camila Meneghetti

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

dentro do onibus, livro aberto nos braços e a concentração longe .. lia uma frase e voltava duas. o pensamento só focava você. nos momentos bons e até nos ruins e na parte boa que eu tirei disso. a parte que mais me falta, é o nosso mundo.. aquele sem intrigas, sem fofocas.. esse mundo gira e chega a ser cômico. pensava que você queria me esconder - pode ser que seja isso - e na verdade você queria me preservar - ou vice-versa. o que importa é que eu sinto falta da nossa paz, do nosso universo paralelo, do seu abraço, do seu gosto de tridente azul claro, do seu cheiro, do seu suor.. e na verdade não sinto saudade de nada ligado a isso, eu sinto saudade de mim enquanto tava com você.. do peito aberto e cheio, preenchido, completo.

domingo, 25 de outubro de 2009


' Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo. '

antes de partir.


os sonhos foram fortes a noite toda apesar da exaustão e com isso já acordei um pouco frágil - tá, mais do que eu já sou - aí pronto, bastou eu assistir ao filme e tudo vir a tona. a vontade de mudar, o tempo passando e eu não vendo.. ai ai..

.. é 45 anos voam !

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

eu não nego - e nem preciso, meus olhos me condenam - sou completamente encantada por você. queria poder morar dentro do seu sorriso, entrar dentro dele e conhecer todos os motivos que te fazem mais feliz.. queria seu abraço carinhoso todo dia, seu sorriso gostoso.. ah como eu queria..

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

'Ainda assim, com tudo isso, nos damos bem de muitas maneiras. A impermanência é humana e, não importa o quanto a ocultemos, tudo que fazemos é temporário; então porque as palavras 'para sempre' significam tanto? Porque não aceitar que sou turista aqui e jamais pedir direito de residência.
.. Mas preciso viver em algum lugar.'

terça-feira, 20 de outubro de 2009

reflexão. mudanças. mais mudanças.


é um momento difícil, mas nunca foi fácil descobrir os erros, aceitá-los e mudar. mudar é a parte mais difícil sempre. me perco entre minhas carências, meu egoísmo, e minha impulsividade. e essas perdas tem se tornado grandes e garanto, muito dolorosas. talvez a falta de amor- próprio tenha influência nisso tudo. qualquer um que me oferece carinho, atenção e uma felicidade clandestina, é sempre recebido de uma maneira que não deveria. nem todo mundo merece meu melhor sorriso, meu abraço caloroso e acima disso, meu coração aberto. como uma amiga disse, ' eu não te vejo tentando mudar. te vejo assumindo erros, vendo onde errou, bolando estratégias pra mudar, mas não te vejo agindo de forma diferente. talvez pode estar sentindo coisas e de maneiras diferentes, mas na hora de agir, tudo igual. ' e ela tem razão, mas a partir do momento que algo te incomoda, te fere, você tem que mudar. tá tudo confuso aqui dentro, é muito pensamento, e minha cabeça tá fervendo..

ainda há tempo de mudar, e prá mim hoje é isso que importa..

alusão.


' O que essa história significa? Não significa nada a não ser o que ela conta: que o fato aconteceu, que estávamos lá, que nunca acontecerá outra vez do mesmo modo e que ainda sim acontece o tempo todo. A história é minha história a respeito de uma montanha específica, mas a montanha não a conhece, está pouco se lixando para ela. Amo a montanha pelo que ela me proporcionou, mas a montanha não me ama. Encontro-me mais uma vez buscando palavras de outras pessoas para explicar o que eu quero dizer.

meu coração vive cheio de amor e deserto.. '

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


' não foi apenas a velocidade da coisa de zero a cem em sessenta segundos, mas o fato de você, e você sozinho e nosso caso de amor decolarem e me deixarem para trás. Eu era boa com números. Se tivesse tido tempo ou interesse, teria calculado a proporção: nossa pequena quantidade de encontros comparada ao grande número de cartas antes e depois, os bilhetes planejando cada detalhe e então informando que você havia mudado de idéia e depois mudando de idéia novamente sobre se o encontro sequer ocorreria.

o mundo lá fora é pequeno demais, bem definido demais, verdadeiro demais para conter tudo o que uma pessoa tem dentro. '

domingo, 18 de outubro de 2009

'E quando paro para pensar, logo me deparo com a pergunta: "Se procurando eu não acho, porque esperando me achariam?". Queria poder sentir o amor de um corpo sobre o meu; de um carinho, de um sentimento maior que eu. De um olhar de pedido "me sinta", de um tocar q me diga "me tenha", de um abraçar que signifique "te quero", de um simples beijo q me faça subir aos céus. Queria sentir como é perder o ar, queria poder saber como é voar; livre, intensamente, como a mais bela ave. Queria eu, sim, poder decifrar seu nome na areia; enxergar teus sonhos nas águas do mar, dizer para todo mundo que nenhuma flor exala o tal perfume que sai de seus póros. Poder gritar até ficar sem voz; apenas para anunciar sua chegada. Queria poder dormir em cima do manto leve; q os seus braços seriam. Ver a lua, e dizer q ela é falsa, porque o brilho dela, é o seu olhar. Qria poder ser uma flor; para em teu jardim nascer, beber da sua água, morrer na sua terra, e sobreviver no amor do seu orvalho; queria ser INESQUECÍVEL '

segredo.



muita coisa mudou, inegável. mas ainda continuo abraçada às minhas carências e em cada esquina cai um pouco a minha vida.

'porque acredito ainda em certas coisas bem limpinhas que quero preservar em mim..'

sexta-feira, 16 de outubro de 2009




' Outro quarto. Ao menos ainda temos isso em comum: sem dúvida, os muitos quartos. Não exatamente vazios, díficilmente cheios, e nosso pequeno peso disparatado e frágil dentro daqueles enquanto observamos a distância entre a janela e o guarda-roupa, o banheiro e a mesa, a cômoda e a cama - se nada mais nos dão, há sempre uma cama. As cidades lá fora não importam. Estou em meus quartos e você está nos seus e a distância entre nós é profunda demais para ser percebida.
E as viagens. Ambos entendemos disso - uma solidão que persegue enquanto corremos para nos esconder um do outro-, nosso tipo de fuga.
Lembro-me de que o caminho para Norwich era muito frio. Os trens vacilavam, perdiam-se e paravam no campo úmido e monótono, e chuva congelada continuava a cair, nada a impedia, e o meu casaço ainda recendia ao seu abraço , em outras palavras, àquela despedida que a duras penas parecia definitiva e além disso era como cair por cima de nada, de ninguém.
Embora eu seja adulta, sejamos ambos adultos, e estejamos bastante cientes de que podemos viver sem ninguém, sem nada. São muito poucas as perdas às quais não sobreviveremos depois de nosso costume: evitar os pensamentos que preferiríamos não ter e respirar, piscar e engolir como se deve. Nós nos parecemos muito com outros adultos, dignos de crédito.
De qualquer forma, foi uma viagem tão ruim para Norwich que eu quis telefonar para lhe dizer quantas horas a mais do que o previsto ela havia durado, quantos banhos tomei para tentar esquentar minhas mãos, meu corpo, lavar o que não vai mudar.
Um pequeno móvel de fórmica naquele quarto, uma bíblia e um tapete pelado, uma televisão presa à parede, uma chaleira, três pudins de leite que não comi e aquele espaço que eu quase conseguia tocar, que poderia ter ocupado um mês antes, uma semana antes: o formato do meu corpo na cama ligando para você, sentindo-se melhor, compreendida.
Como estar em Londres e voltar àquele lugar para o qual não posso ir mais - onde os quartos possuem paredes grossas em boas condições e cozinhas pequenas, lençóis decentes - e nos encontrarmos da forma como o fizemos: com pressa e delicadeza, completamente enlouquecidos. Jantar quando eu não conseguia encontrar o restaurante, dopada e com a boca costurada, e você saiu me procurando quando telefonei e então fiquei andando em cículos, retendo sua voz no fone, e vigiei até que o vi caminhando em minha direção, me convencendo a entrar.
Falando de como eu não havia feito, não faça, não fiz - sobre ovos de pingüins, odontologia, óleo de lampião, crueldade, roubo, perdão, chegando devagar, a possibilidade de perder tudo, a possibilidade de escrever no escuro. E dissemos que estávamos felizes pela vida um do outro, para não falar da nossa própria. Que é a forma pela qual a alegria chega - silenciosa e escrita na escuridão.
Os quartos sempre vêm com suas diferentes formas de escuridão: lintéis e superfícies sombreadas onde tropeçamos tarde da noite e não conseguimos achar o copo, o interruptor, a maçaneta da porta, o que quer que estejamos procurando e de que pensemos ter necessidade.
Sentar talvez naquele quarto em Colônia para além da ampla janela e da sensação de confinamento caro é um poste de iluminação e o muro do cemitério, a vista das sepulturas antigas, e acho que preciso tentar fazê-lo rir - bem difícil, mas sempre vale a pena - e acho que preciso fazer isto e acho que preciso ver a chama negra do seu cabelo - que evoca a chama negra em sua cabeça - e acho que preciso ver de que forma sua barba cresce quando você deixa - como se ela quisesse que você parecesse ridículo - e acho que preciso sentir o jeito como seu estômago se contrai sob o toque - aquela linda timidez - e acho que preciso ver você sorrir e preciso do seu cheiro quando você não toma banho e preciso ver você sorrir. Preciso ver você sorrir.
Mas estou errada, claro: não preciso disso. O que possuo deve ser o suficiente. Ninguém sobrevive sem ter o suficiente. Tenho a luz do detector de fumaça no teto, a pequena luz vermelha ligando e desligando, e tenho esse cansaço e esse medo de que tudo que resta é esperar sozinha enquanto a morte se aproxima, viaja. Você disse que sentia medo o tempo todo. Agora é também como me sinto, mas não posso lhe contar.
E nada fiz para ajudá-lo quando, desde a primeira vez, você me ajudou. Morrer em um acidente de avião, nunca concluir outra frase, ser feia, ser egoísta, ser imprestável, ser magoada - os medos estúpidos que tem uma pessoa estúpida - você os afastou definitivamente, como se soubesse o que estava fazendo e me conhecesse. Nunca demonstrei verdadeiramente o bem que encontrei em você. Não fui convincente.
Agora estou neste quarto, em Nova York - uma chuva grossa tamborilando na clarabóia e é meu fim de tarde no meio da sua noite: até mesmo nossos dias separados, apartados. Minha bagagem se perdeu e seria divertido se eu conseguisse fazer disso uma história para você - outra viagem desastrosa que não importaria muito porque estamos bem e nos preocupamos que estejamos bem. Só que não tenho história nenhuma, porque você não quer.
Tenho isto, que você não lerá. Qualquer que seja a forma que eu encontre para as palavras, não fará diferença - você não vai me deixar dizer mais nada. Trabalho com tinta invisível, contradigo-me em quartos que não quero e não conheço e continuo na estrada para ir além de tanto silêncio, para estar a seu lado nesta via de mão única, viajando já que sei que você está viajando, fugindo.
Nunca tive certeza quanto ao que acreditávamos, a não ser um no outro, mas, uma vez que estou desprotegida e você talvez também esteja, faço por nós todas as noites uma prece, pedindo que você esteja feliz, que esteja seguro. Então eu teria quase o suficiente.
Meu amor nunca foi melhor que isto.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009



'Todo mundo olhando lá de cima, você me abraçou e eu fiz pouco caso. Não foi por querer me desvencilhar, mas justamente por não querer que o abraço acabasse. Você falou um monte de coisas bonitinhas, riu e saiu falando ao telefone. Eu fiquei parada por um tempo olhando você se afastar, e fui consumida pela raiva. Por que você tinha que ir e me deixar pra enfrentar o resto da noite sozinha? Na verdade, a raiva era por não ser eu a te deixar ali, sentindo a minha falta. A raiva era porque, talvez, se eu fosse, você não iria senti-la.'




'- .. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.'

terça-feira, 13 de outubro de 2009

oregano


' tá na hora de você voltar pra mim, e dar mais uma chance pra nos dois. meu bem a gente ja se machucou de mais, esta na hora de voltar atrás. melhor deixar falar a voz do coração, preciso de você, você de mim. pra que fazer de conta que ja não da mais, está na hora de voltar atrás. e a gente ainda se ama, esta na cara esta no ar. fica chorando escondido é tempo perdido amor não e jogo de azar. e a gente ainda se ama, está escrito no coração. a nossa pirraça ja perdeu a graça, chega de solidão. '

- coincidência ou destino!?
- acho que os dois.

- não solta da minha mão nunca mais?
- nunca mais.


' coloquei um pouco do seu sorriso na minha mala, usei alguns dos seus cheiros pra acompanhar minha viagem, reli palavras para encurtar o tempo.. e quando o sol nasceu te desenhou em todos os lugares.

pois de que vale o sol sem ter lugar? e o meu lugar é o sol que você traz. eu quis ver o sol chegar e me trazer você, você chegar e ser o que eu nem sei dizer em dois o que eu não sou num só.. '

sexta-feira, 9 de outubro de 2009



' Trago sempre comigo um sorriso de bolso, com capa e contra-capa.
Não é um sorriso de coleção, daqueles que se guardam na estante.
É um sorriso com edição ilimitada, que distribuo todos os dias,
mas há um cantinho da boca que agora guardo só para mim.
Houve alguém que lhe conheceu todos os capítulos.
Esse sorriso... ofereci-o aberto de par em par.
Inteiro, irrequieto e desenhado no tato de uma boca que me soube a pouco. '


' mas, um dia, você volta, entra, coloca os cigarros na mesa, pega um, me oferece um e senta ao meu lado. então fica narrando baixinho ao meu ouvido, entre sussurros e elogios ilusórios, o que queria de verdade; quando eu tive direito a beijos, como tudo era tão perfeito, quando não importava o dia seguinte, como funcionava o sistema de telepatia para saber quando eu precisava de alguma coisa e todas as pessoas interessantes perdiam a graça, porque elas nunca souberam me enganar como você.

Quando eu penso eu caio prá trás e quando ajo é pra frente. percebe?
Discos e cigarros. e pode fazer o que quiser comigo, como sempre.
- ahn? '

quarta-feira, 7 de outubro de 2009




'Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde.'
' Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida me enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar. '

terça-feira, 6 de outubro de 2009



'Moro no primeiro andar,mas nunca encontrei você na escada.


Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas. Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.) Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço. Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.'

segunda-feira, 5 de outubro de 2009



' Ele olhou ao redor. Chovia amores por todo lado, porém ele pôde reparar que os 'amores' se espatifavam ao chegar no chão, como se fossem apenas porcelana, fraca, sem vida, passageira. Não aguentou, seu estômago revirou e uma ansia o atormentou. Estava enojado com tanta desvalorização. Refletiu por um momento; "como algo tão complexo pode ser destribuido assim, como se fosse nada?". Não achava ruim de modo algum se sentir amado, mas ouvir a palavra "amor" sair da boca de qualquer um o deixava extremamente nervoso, considerando que ele não poderia retribuir tal sentimento tão facilmente. Ele preferia apenas.. preservar, somar, multiplicar o sentimento já existente sobre aqueles que realmente amava do que o destribuir por aí e acabar ficar devendo a muitos..

.. a chuva continuou, ele abriu o guarda-chuva e tentou ao máximo se proteger..'

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

refúgio. colo. conforto.



' gabi eu achei que ele já era página virada, mais do que passado ! não gosto nada de vc ficar ai correndo atrás, meio que se rebaixando a um cara que largou você, não te levou a sério e agora até já está em outra, namorando, feliz, sem você.
e você aí, ainda na dele, ainda conversando, voltando nisso, voltando numa história que não vai ter o final que você gostaria :/ difícil, foda pra carai, mas você sabe que é verdade não sabe ? '


se alguém pudesse ouvir meu coração agora escutaria apenas seu chiado inquieto, suas batidas quase inaudíveis de tão lentas.. eu sei que a errada na história, claro, sou eu, eu que sempre peco por querer demais, por acreditar demais, por gostar de mais. e ouvir aquelas palavras tão rispídas, aos meus ouvidos, só fez ecoar no coração. sim, eu não sei se gosto dele, mas sei que como fiz dele meu conforto, perdê-lo me parece ruim. bem ruim na verdade. nunca disse e nem precisava, ele chegou na hora certa, e segurou com força minha mão, me levantou e me ajudou a seguir, o problema é que ele partiu e me deixou. e quanto a isso eu não pude e nem posso fazer nada. não posso obrigar ninguém a gostar de mim como eu gostaria e talvez faltem motivos pra tal. esse texto parece depressivo e na verdade não é nada disso, aqui dentro tá tudo calmo, esse é o problema calmo demais. quero erosão..

.. e aí eu engatei a ré e pensei que pudesse voltar.



' Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos. '